segunda-feira, 4 de março de 2013

Quero ser grande

Podemos fazer coisas fantásticas: enfrentar todos os medos, se ajustar a um mundo caótico, pagar as próprias contas e sorrir para um chefe insuportável. Isso é ser adulto.
Mas, nós queremos ser grandes porque é bom! E merecemos.
Não cai do céu.
A luta começa no próprio direito ao desejo de sê-lo. A sociedade atual não estimula a autossuficiência e, para piorar, cria uma rede de dependência estatal e familiar - que sabem o que é melhor para você e blah, blah, blah, blah...
Então, quando surge dentro de nós a necessidade/vontade de ser grande, temos que, a partir de então, buscar pelo direito de sermos donos de nós mesmos... doido isso, né?
Nesse processo algumas pessoas desistem, pois não é fácil enxergar que alguns sonhos, desejos e frustrações que tivemos não pertencia ao nosso ser. Eram apenas projeções e imposições externas que se aproveitaram de nossa imaturidade.
Deixar de ser grande é tentador.
No filme "Big" de 1988, o personagem decide se tornar grande e pede a Zoltar que isso se torna realidade. Um pedido meio displicente mas que se torna verdade. Então ele se vê obrigado a enfrentar uma vida de gente grande.
Ele sente falta da mãe, de ter a idade de seus amigos, de não precisar ser tão responsável, atento, malicioso e astuto. É... a malícia talvez seja a maior característica da experiência.
Então ele encontra novamente com o brinquedo dos desejos e pede para deixar de ser grande...
Será?
As marcas da experiência ficaram e ele nunca mais será o mesmo. Ele deu um passo atrás porque assim era necessário. Algumas vezes nossa ânsia faz com que pulemos algumas etapas da vida e acredito que temos o direito de nos encontrarmos novamente com Zoltar, agradecê-lo por tudo, mas pedir a permissão para melhorarmos algumas coisas que ficaram para trás.
Uma escada com degraus a menos pode funcionar, mas não deixa de ser perigosa e falha. Temos o direito de querer consertá-la, de sermos o carpinteiros de nós mesmos.
Como disse Raul Seixas:

"Carpinteiro do universo inteiro eu sou
No final,
Carpinteiro de mim!

domingo, 1 de abril de 2012


Antigamente, eu ficava bem preocupado com o que os outros pensavam de mim. Hoje tenho consciência que sou uma pessoa digna e honesta, e sei que as pessoas vão pensar o que quiserem, e isso em nada afeta meu modo de ser e quem eu sou em essência.
Antigamente, eu queria provar algo aos outros. Hoje descobri que, na verdade, sentia uma grande insegurança, e por isso tentava demonstrar algo, não às pessoas, mas a mim mesmo. Hoje vejo claramente que, quando se tem confiança naquilo que somos, não precisamos provar coisa alguma.
Antigamente, eu fazia de tudo para os outros gostarem de mim. Hoje sei que as pessoas precisam sentir afeição por quem eu sou, e não por quem eu pareço ser. Sei também que pessoas que mendigam o afeto das outras quase nunca conseguem o que desejam. Por ansiarem tão vorazmente o amor e a admiração dos outros, elas passam a ser aquilo que os outros esperam que elas sejam, e assim, caem num abismo profundo de um eu fantasioso e irreal.
Antigamente, eu acreditava que poderia esconder meus problemas não pensando neles e me concentrando nas questões objetivas do mundo. Hoje sei que por mais que se tente, não se pode fugir das emoções profundas que estão armazenadas dentro de nós. Podemos tentar burlar, dissimular, distorcer, etc, mas a verdade é a verdade. Ela não se modifica por nossa vontade. Hoje sei que, somente encarando de frente aquilo que nos assola é que se pode dissolver os nós profundos das feridas interiores.
Antigamente, eu achava que o mundo deveria corresponder aos meus anseios e necessidades. Achava que os outros tinham que me servir e sempre lutava pelos “meus direitos”. Hoje vejo que cumprir meus deveres é muito mais importante e digno, e que de nada adianta tentar modificar o mundo e as pessoas; ninguém se curvará as minhas pretensões de como o mundo deve ser. O mundo é o que é. Não quero mais que as pessoas sejam da forma que eu acho que devem ser, eu me esforço por aceitar, sem me acomodar, à realidade que se apresenta. Hoje busco apenas melhorar a mim mesmo e ajudar a quem necessita.
Antigamente, eu pensava que podia viver uma vida superficial e mesmo assim ser feliz. Vivia vendo novelas, bebendo, fumando, jogando conversa fora, fazendo sexo sem amor. Hoje vejo que, para ser feliz é necessário olhar a vida como ela é, além do véu aparente que encobre a existência. Não é possível cortejar a ilusão e ser feliz. Ou se vê a realidade para ser feliz, ou se vive uma vida de quimeras e devaneios que só poderão trazer a solidão e a infelicidade.
Antigamente, eu queria ajudar as pessoas a todo custo. Via-me como uma espécie de salvador que poderia socorrer muitas pessoas com minhas capacidades. Hoje sei que cada pessoa tem total poder de lidar com seus contratempos e dissabores, e negar isto é recusar-se a crer no potencial espiritual que cada pessoa tem de crescer a partir de seus próprios percalços , conflitos e limites. Compreendi que, por superestimar minhas habilidades, acreditei que poderia “salvar” as pessoas. Mas entendi que só as próprias pessoas se salvam, e que o máximo que podemos fazer é indicar o caminho e dar um suporte quando necessário. Por outro lado, de nada adianta ajudar aqueles que não querem ser ajudados.
Antigamente, acreditava que deveria ter um compromisso com o sucesso; deveria me debruçar sobre os melhores cargos, os melhores salários; ser alguém de destaque, alguém com uma imagem intocável nos negócios. Hoje sei que buscar a todo custo o sucesso é fazer um contrato com a infelicidade. Ninguém pode ser feliz buscando o sucesso e a fama a todo custo. Quando desejamos o destaque e o status quo acabamos por não dar valor às coisas simples da vida, que são as mais importantes.
No final das contas, é o cheiro da grama, a brisa que sentimos num final de tarde, a chuva caindo sobre nós, o abraço do ser amado, o contato com a simplicidade e naturalidade da vida, do cosmos, do infinito... é isso que nos faz felizes de verdade.
Não se deixe tragar pelas miragens do mundo, pelas imagens que seduzem, pelas formas exteriores, por aquilo que é consumido pelas correntezas do tempo... Busque o real além da ilusão, e terá paz e felicidade jamais sonhadas.

(Hugo Lapa)

quinta-feira, 22 de março de 2012

Boca fechada não entra mosca

"As acusações que A profere contra B são trechos embaraçosos da autobiografia de A. As inrovisões que A tem das motivações mórbidas de B revelam os motivos de A, pois uma pessoa só pode ter introvisão de outra por analogia com a sua própria experiência. Ajustem-se ou não as projeções, as acusações e as introvisões se aplicam melhor no de sua origem - no interior do eu."
(Putney e Putney - Adjusted American) 


“O que guarda a sua boca e a sua língua guarda a sua alma das angústias.” 
(Provérbios 21:23) 


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Sobre as mulheres brutas

Por Isabele Bacelar



Nada contra as singelas. As extremamente-extremamente singelas me intrigam um pouco, é bem verdade, mas, não a ponto de me tomarem sequer um minuto cheio.
O fato é que, nem sempre a vida permite que as pessoas sejam assim. Acredito que quase sempre não...
A gente vai sendo envolvido por aquilo que chama de realidade, cada um no ritmo em que sua vivência permite.
Alguns, como eu, são esquartejados e têm que se juntar aos poucos milhares de vezes. Até perceber que é preciso fazer disso um caminho para ser forte. E feliz.
E é justamente aí que está o ponto: que tem sobrado às mulheres que têm essa coisa do precisar ou preferir ser forte em suas vidas e que,de alguma forma, refletem isso em seu comportamento? Digo, que tipo de olhar tem sido dirigido às mulheres assim?
Cansei de pensar nisso com referencial puramente feminista, não é essa minha intenção aqui. Ou de achar que isso é reflexo da minha não-adequação aos padrões de estética, comportamento e não sei mais o quê essas merdas que se inventa pra fazer com que uns se sintam péssimos e outros se sintam menos péssimos por suas existências rasas, o famoso “despeito” que explica, especialmente aos umbigos do universo, sem o menor critério, todo e qualquer tipo de indagação dessa natureza.
Me parece que o olhar afetuoso está inconscientemente reservado às sílfides intocáveis e às princesas descoladas. Que pelo fato de não andar por aí fazendo caras e bocas como se estivesse num videoclip, ser tratada com um pouco de cuidado é desnecessário.
Falo isso de um modo geral. Parece que pra ser mulher e ser tratada como tal agora é preciso fazer tipo. E não tem nada a ver com a questão dos direitos iguais e tudo mais. Tem a ver com essa coisa que eu muito tenho vivenciado de mulheres eleitas. A despeito de outras, que podem ouvir tudo, sem o menor filtro, e enfrentar situações extremamente agressivas porque “agüentam o tranco”.
Simplesmente adoro conviver com meus amigos e poder fazer parte especialmente da conversa dos meninos. E gosto de poder ouvir e ajudar na solução dos problemas das pessoas de uma forma ativa. Mas, queria que as pessoas enxergassem que isso não é sinônimo de passe livre para perder de vista que, seja como for, uma personalidade mais inclinada à força ou falta de paciência para viver posando de perfeita não é sinônimo de insensibilidade. No peito das brutas e desbocadas também bate um coração.
Mando um beijo às minhas amigas que, coincidentemente ou não, são de fato donas de suas próprias cabeças, línguas e vidas e não deixam por isso de ser maravilhosas e deslumbrantes em sua autenticidade.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

The External World

Excelente animação relatando os excessos em nosso mundo atual, em nosso mundo externo. Vale muito a pena conferir!!!

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Existe vida após o parto?



EXISTE VIDA APÓS... O PARTO ???

No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês. O primeiro pergunta ao outro:

- Você acredita na vida após o nascimento?

- Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.

- Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida?

- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comamos com a boca.

- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída. O cordão umbilical é muito curto.

- Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.

- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas encerra a vida. E, afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.

- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.

- Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está?

- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria.

- Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não existe nenhuma.

- Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando, ou sentir como ela afaga nosso mundo. Saiba, eu penso que só então a vida real nos espera e agora apenas estamos nos preparando para ela…

"Matar a religião dos pais e avós é fácil, difícil é transcender os próprios alicerces e portos imaginários, percebendo que até a nave e guru que trouxeram até aqui, até os patronos de seu mais caro discernimento, também são apenas transporte, e precisam estar para seu futuro assim como está para seu presente o passado religioso de seus pais. E isso é paradoxal, pois implica em atirar no pouco que ainda me dava a ilusão de sustentação e alguma verdade. Mas nunca fora verdade, apenas o alento que faz o bebê prosseguir, rumo àquilo que ele "sabe" que virá, mas ao mesmo tempo sabe que "não sabe" tanto assim. MAS, DEPOIS, PÉ NA ESTRADA, CORAGEM, E DEIXEM AS PONTES PARA TRÁS. Transcendam seus paradigmas, pois, como esses bebês, vocês sabem apenas que não sabem o que há, mas esse "SABER que não se sabe do que tenho alento de parecer haver" já é muito mais do que o guru que "PENSA que sabe", coitado, e ignora até mesmo o mais básico saber possível, o saber que não é possível saber, não por não haver, mas por transcender - até mesmo aquilo que ele vende como certeza."

(Lázaro Freire)


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Sensação de segurança, pânico e Britney Spears

Dia 02 de Fevereiro de 2012 não ficará marcado pela celebração da Festa de Iemanjá, mas por uma dia em que a histeria coletiva criou o pânico geral nas cidades de Salvador, Feira de Santana e Ilhéus na Bahia.
O que parecia ser um simples fósforo aceso se transformou em um grande incêndio de medo entre as pessoas.
Para entendermos melhor, no dia 31 de Janeiro, uns 50 policiais decidiram entrar em greve e pararem o trânsito da região do Iguatemi em Salvador, causando um grande engarrafamento no local - o que acontece todo dia, com ou sem mobilização.
Até umas 14h do dia 02 todo esse papo de greve tava, no máximo, como "ah, vou evitar pegar a Paralela porque uns policiais estão parando a Avenida". A tranquilidade era tanta que a Festa de Iemanjá estava a todo vapor no bairro do Rio Vermelho.
Eis que, vários buzus foram dominados por pessoas encapuzadas e postas para bloquear a Avenida Paralela, o que foi o sinal de: "Que comece o show" (ou "vulgo" showtime).
E, assim, como numa grande invasão zumbi brotaram do chão trombadinhas e trombadões para promoverem os arrastões em quase toda a cidade. Aproximadamente às 17h o clima de tensão estava no ar nos locais de trabalho, nas ruas e nas ditas redes sociais. 
O que aconteceu em Salvador, ontem,  foi uma grande oportunidade dada para percebermos, nitidamente, que o dito Apocalipse pode começar dentro de nós mesmos.
No post anterior, refletimos sobre o fato de sermos, todos nós, antenas e potencializadores de energias e frequências.
Quando um mundo inteiro deposita sua sensação de segurança em uma instituição não percebe o quão refém fica. Sentirmos seguros está associado a uma situação de fora, a um ser que não pertence ao meu interior. Em outras palavras, para me sentir bem estou nas mãos de agentes externos a mim.
Em outra Salvador, mais precisamente na Festa de Iemanjá, as pessoas bebiam, cantavam e pulavam não sabendo ou não ligando para o que acontecia para todo o resto da cidade (não é à toa que a política do "Pão e Circo" funciona muito bem até hoje). 
Em outras palavras, como afirma Britney Spears: "Keep on dancing til the world ends".
Raros, também, informavam de suas torres prediais refrigeradas que não entendiam o temor, pois não passava de um dia normal. Para ele, com certeza.
A oportunidade de enxergar que a ruptura completa deve ocorrer está se esfregando na nossa cara todos os dias. A Revolução do Indivíduo precisa acontecer para que, ao invés de medo, a sensação coletiva seja de mudança interior. Basta de esperarmos no exterior confortos temporários para o grande pavor instalado dentro de nós.
Sabemos que é difícil fazer com que isso se torne realidade, mas impossível será se não tentarmos tomar as rédeas de nossa própria existência.
Em outra análise, Osho defende que abandonemos essa sensação de segurança:
"Uma pessoa autêntica simplesmente abandona a idéia de segurança e começa a viver em completa insegurança, porque essa é a natureza da vida. Você não pode mudá-la.
O que você não pode mudar, aceite, e aceite com alegria. Não bata a cabeça sem necessidade contra a parede; simplesmente, saia ou entre pela porta."

Independente do caminho que você deseja escolher ou qual porta deseja entrar, FAÇA! Não espere governantes, líderes, mestres, religiosos, policiais, festas ou sei lá o que mais dizer o que deve fazer. 
Apenas você! Tome conta de sua vida! Pois somente dentro de nós é que poderá ser resolvido nossa sensação de segurança e paz.